quinta-feira, 28 de maio de 2009

CHEGOU A HORA


Depois de muita briga, muitas ofensas de lado a lado, parece que ficar junto já não é mais possível. Percebe-se que é chegada a hora, não dá mais viver assim, a situação se torna insustentável para todos, pais e filhos.
Mesmo sem querer, os filhos são colocados no meio destas desavenças, eles são testemunhas do clima que se instala, das agressões mútuas, dos choros , da tristeza estampada em cada fisionomia. O sofrimento neste momento é inevitável .
Mas será possível a hora da separação ser feita de uma forma menos dolorosa para todos ?
Pode-se pensar numa preparação prévia, avisando aos filhos o que está acontecendo, que decisões serão tomadas?
Será possível minimizar para os filhos, o momento em que um dos pais vai embora de casa?

Quais são suas ideias?
Alguém gostaria de compartilhar como foi sua despedida, sua saída de casa?
Ou como foi ver o companheiro/a partindo?
E que cuidados tomaram para com os filhos?
E do ponto de vista dos filhos, como viveram este momento da separação dos pais?

segunda-feira, 25 de maio de 2009

UM MÊS JÁ

Todos que nos acompanham, já conhecem um pouco da nossa história.
Em 1997, começamos a estudar a questão do divórcio.
O passo seguinte foi promover encontros com mulheres,
homens e adolescentes que passaram pela separação em suas vidas e que nos ajudaram a entender melhor, sob estas três perspectivas o que ocorria na prática. Estes encontros nos permitiram produzir artigos , apresentações em congressos etc...
Faltava abrir nosso trabalho para um público maior , ampliar nossas redes , permitir que um maior número de pessoas pudesse dividir suas dúvidas, suas dores, suas experiências e seus saberes .
Assim surgiu nosso blog, um desejo há muito acalentado e que, ao completar um mês, esperamos estar seguindo nossos propósitos.

domingo, 24 de maio de 2009

Fragmentos do cotidiano...

Quarta-feira, quase dez horas da noite, estou saindo do consultório depois de um dia de trabalho. Lá fora a minha espera um táxi. Entro e comento com a motorista como ultimamente tenho visto mulheres ao volante. Começamos uma conversa que me anima, apesar do cansaço.
“Como é para uma mulher estar em um táxi?”
“Hoje em dia, melhor. Eu gosto porque vejo muitas pessoas diferentes e ouço muitas histórias...”
“Trabalhos parecidos” penso eu.
“Por exemplo, antes de pegar a senhora, levei um rapaz em Santa Teresa. Ele estava se separando naquele momento...” “É mesmo? Como vc sabe?”
“Tinha mala, caixas, tudo na rua. Um amigo estava com ele. Ali em Botafogo. Quando íamos saindo desceu uma mulher e um menino. Não tinha mais que três anos. Acho que não tava entendendo nada direito. Ela trouxe o violão que ele tinha esquecido.”
“E ela estava bem?” “Parecia”
“Mas, quando ele entrou no carro, me perguntou: será que estou fazendo a coisa certa? Sei lá, eu disse, mas posso contar a minha experiência.”
A esta altura eu já estava totalmente envolvida na narrativa da motorista. “Ah, você também se separou?” “É, tem três anos. Fiquei casada 10.” “Teve filhos?” “Não, mas ele tinha uma filha que eu criei. Até hoje me chama de mãe. Hoje mesmo me ligou. Então contei para ele a minha história e disse que o mais importante era que ele e a mulher ficassem amigos. As crianças sofrem muito com as brigas dos pais.”
Eu disse que isso era fundamental. Ela continuou me contando que era muito amiga do ex-marido. “Dividimos este táxi. Ele teve uns problemas e eu coloquei ele no táxi. Antes ele me colocou no dele. Nós conversamos às vezes sobre a menina. Ele casou de novo. Quem não gosta muito da nossa amizade é a atual, né? Mas, não quero saber... Ele me traiu. Não quis mais nada com ele, mas sei que ele não é só a traição. Foi muitas outras coisas para mim. Não é má pessoa, mas a senhora sabe como é homem... Mesmo assim, acho que os pais não podem ficar em guerra. As crianças é que ficam no meio e isso é maldade!”
Quase chegando em casa, agradeço a conversa e a história e saio do carro, comovida, no sentido literal da palavra. Fui movida com Katia para a história dela, contada de forma tão simples e corriqueira. Tantos livros escritos, tantas teses e horas de terapia. Lá estava Katia dirigindo seu táxi e sua vida com a sabedoria de poucos.

Acrescento à história uma música que adoro sobre separação. Uma das poucas que fala de filhos. Sempre me emociono ao ouvir. Como me emocionei com a Katia.
Até a próxima,

sábado, 23 de maio de 2009

PABLO NERUDA POEMA Nº 20

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Escrever, por exemplo:
“A noite está estrelada, e tiritam, azuis, os astros, ao longe”.
O vento da noite gira no céu e canta.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu a quis, e às vezes ela também me quis...
Em noites como esta eu a tive entre os meus braços.
A beijei tantas vezes debaixo o céu infinito.
Ela me quis, às vezes eu também a queria.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho.
Sentir que a perdi.
Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como na relva o orvalho.
Que importa que meu amor não pudesse guardá-la.
A noite está estrelada e ela não está comigo.
Isso é tudo.
Ao longe alguém canta.
Ao longe.
Minha alma não se contenta com tê-la perdido.
Como para aproximá-la meu olhar a procura.
Meu coração a procura, e ela não está comigo.
A mesma noite que faz branquear as mesmas árvores.
Nós, os de então, já não somos os mesmos.
Já não a quero, é verdade, mas quanto a quis.
Minha voz procurava o vento para tocar o seu ouvido.
De outro.
Será de outro.
Como antes dos meus beijos.
Sua voz, seu corpo claro.
Seus olhos infinitos.
Já não a quero, é verdade, mas talvez a quero.
É tão curto o amor,
e é tão longo o esquecimento.
Porque em noites como esta eu a tive entre os meus braços,
minha alma não se contenta com tê-la perdido.
Ainda que esta seja a última dor que ela me causa,
e estes, os últimos versos que lhe escrevo.

FELIZES PARA SEMPRE OU ATÉ QUE A MORTE OS SEPARE.

"Meu casamento está acabado, não quero mais esse companheiro(a), não temos mais interesses em comum, não sinto o menor prazer em sua companhia.
Mas não consigo me separar !
O que me impede ? O que me prende a um sentimento que eu sei que não tem mais volta? Será que o amor volta a reacender?
Será a própria instituição do casamento, vista como indissolúvel ? Será a sociedade que me pressiona, através dos amigos e família, dizendo que devo tentar mais um pouco? Será que já fiz tudo que podia?
Do que não consigo me separar? Da mulher ou do homem com quem me casei ou do projeto de vida a que me propuz.
O que mais temo neste momento, ficar sozinho(a), não conseguir recomeçar uma vida ou desarrumar o que está numa espécie de ordem ?
Tenho medo de ferir ou magoar pessoas, não quero me sentir responsável pelo sofrimento de outros?
A separação é uma forma de fracasso? Poderia ter sido mais competente ao conduzir este casamento?"

Muitas pessoas se deparam com muitas dúvidas ao perceberem que suas vidas em comum,
já não as satisfazem mais.
A separação é um processo longo, que começa muito antes (anos, às vezes) , até a tomada de decisão definitiva.
Definir qual o momento ideal para que aconteça uma separação, vai depender de pessoa para pessoa , de casal para casal .

terça-feira, 19 de maio de 2009

E o dinheiro?


Outro tema quente e às vezes tóxico das separações e divórcios, especialmente os com filhos, é o dinheiro. Há pesquisas que revelam como todos empobrecem depois de um divórcio. O que era para uma casa, agora é para duas. Todos se ressentem da queda de padrão de vida e muitas vezes de mudanças difíceis que são obrigados a fazer. Cada ex-casal encontra formas variadas de lidar com isso. Esta forma tem muito a ver com o que o dinheiro significa para cada um, como aprendeu a lidar com ele em sua família de origem e como o casal, enquanto casado, organizava esta área em sua vida. São muitas as experiências, desde gente que continua bem parecido com o casamento até aqueles que rompem drasticamente com o modelo anterior. Qual a sua experiência com este tema?

domingo, 17 de maio de 2009

FÁCIL? QUEM DISSE?

Quem disse que a separação iria ser fácil (copiando Rosana)?
Quem disse que ser pai e mãe separados, iria ser uma função fácil, por já ter sido vivida como um casal?
Tudo que é mudança gera um grau de desordem, de desorganização.
Pensando na adaptação da mulher à nova vida, ao novo papel,não se pode considerar que ela saí em vantagem, porque já excercia a maternidade.
O homem, por sua vez, em muitos casos e principalmente nos casais mais jovens, são excelentes pais, não só provedores, mas cuidadores , excercendo a paternidade com muita competência.
Com a separação, ambos terão que enfrentar grandes desafios em suas vidas. Desafios estes,que são desestruturantes, num primeiro momento.
Penso que se colocar curioso/a e se abrir para experimentações na procura do novo papel, de pai e mãe separados, faz com que a separação não seja um ponto final e sim um ponto de partida.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

PERGUNTA

Uma pessoa me fez essa pergunta e eu gostaria de repassá-la para vocês.
Sob seu ponto de vista, as mães separadas tem mais facilidade
de ser mãe e pai ou os pais separados tem mais facilidade de
ser pai e mãe?
Estamos esperando suas respostas, especulações,
questões, experiências....

segunda-feira, 11 de maio de 2009

MANHÊ, HOJE CONHECI UMA AMIGA DO PAPAI!!


Para muitas mulheres que já estavam num processo de reorganizar suas vidas, esse comentário pode abrir o chão novamente. Parece que todas suas energias foram colocadas para se reerguerem e cicatrizarem as dores provocadas pela separação. Não estavam preparadas para situações fora do controle.O fato do ex marido conhecer outra mulher, não é um acidente de percurso e sim uma realidade esperada.
A questão que se coloca é como agir de agora em diante, como não fazer do filho um "espião" da vida afetiva do pai? Como fazer para que sua raiva e sua dor não respinguem muito no filho? O processo da separação não é linear, acontece em ondas, com muitos altos e baixos.
Como lidar com tal instabilidade?
Dei exemplo de uma mulher,mas poderia perfeitamente ter um homem neste mesmo papel

domingo, 10 de maio de 2009

Bom dia! Hoje é dia das mães!


Hoje é dia das mães! Comemoramos com todas as mães este dia! As datas comemorativas são momentos que reativam muitos sentimentos de perda, saudades e de que faltam coisas que antes da separação existiam. No entanto, também são datas que nos permitem lembrar que, para além das dores, existem muitas coisas a celebrar na vida. Os filhos, a maternidade, a paternidade... Em muitos depoimentos ouvimos como os filhos dão força para que as mães continuem sua jornada rumo ao futuro. Como eles nos ajudam a superar e recriar a vida. Então, hoje, celebremos com eles, os frutos de nossos amores e ex-amores, o dia de hoje. Refletimos mais tarde...
Feliz dia das mães para todas!

quinta-feira, 7 de maio de 2009

RETRATO DO DIVÓRCIO NO BRASIL 2

Também pelos dados fornecidos pelo IBGE, de 1997 a 2007, houve um declínio de 5.9% nas separações consensuais, o que vem confirmar o comentário feito por Rosana.
Por último, ( para deixar um pouco os números), até os 39 anos as mulheres pedem mais o divórcio. A partir daí, homens com 40 anos em diante, são os recordistas nos pedidos.
Então ...

quarta-feira, 6 de maio de 2009

RETRATO DO DIVÓRCIO NO BRASIL

Segundo estudo do IBGE, realizado no período de 1984 a 2007, a taxa de divórcios no País cresceu 200%, passando de 0,46% em 1984, para 1,49% em 2007.
De acordo com a pesquisa , no ano de 2007 em 89% dos divórcios, a responsabilidade pela guarda dos filhos ficou com a mulher.
No que diz respeito à natureza das separações realizadas em 2007, a maior parte (75,9%) foi consensual.
O que será que tais dados querem dizer ?

domingo, 3 de maio de 2009

EXISTE VIDA PÓS -DIVÓRCIO

Essa expressão também foi usada por um dos participantes dos nossos grupos, acreditando que não seria possível recomeçar uma vida, depois do turbilhão causado pela separação.
Assistindo ao programa da Globo " Tudo novo de novo" que trata das tentativas de Clara (dois casamentos e dois filhos) e Miguel (um casamento e uma filha) para reorganizar suas vidas em vários aspectos, remetí-me à expressão acima e às fases de uma separação.
A vida sim, dá uma reviravolta e não sobra pedra sobre pedra.
O divórcio é uma ruptura, o fim de um contrato de vida em comum, é o oposto do enamoramento e da paixão.
Ao contrário dos objetivos de um casamento, que incluem união, acordo, compromisso das partes de livre e espontânea vontade.
Depois de viver um caldeirão de emoções como raiva, dúvidas, culpas, tristezas, alívio, amor próprio ferido, a calma pode aparecer muito devagar, a dor já não é tão forte, as dúvidas já não corroem tanto, a pessoa pode se olhar novamente, ir em busca de suas necessidades, de se perceber com condições de seguir em frente e de se abrir para novos relacionamentos .
Mas... isto é uma outra história.
Nadia

bem me quer mal me quer


"O divórcio é um dos momentos mais traumáticos e dolorosos na vida de uma família. Uma operação que dói e para a qual não existe anestésico. A cicatrização emocional deste processo é lenta e gradual e os passos e etapas desse rodamoinho de dor e sofrimento envolvem diversos fatores até que cada um dos envolvidos possa se organizar novamente... Quando se vive uma experiência de dor, é muito importante impedir que esta vivência se esvazie na própria dor. É preciso perguntar sempre: o que eu aprendi com a minha dor?"
Este é um pequeno trecho do livro Bem me quer Mal me quer - Retratos do divórcio de Gladis Brun, terapeuta com vasta experiência no tema. Editora Record.
Vale a pena ler o livro.
E você, o que tem feito da própria dor? Só sofrido ou aprendido com ela?