quinta-feira, 30 de julho de 2009

malabarismos no dia a dia: como construir um repertório de recursos?



Tenho pensado muito e conversado com algumas pessoas sobre quais os recursos que precisamos em nossa sociedade para vivermos de forma diferente o divórcio. Em geral, pensamos muito sobre o amor que se acaba, a dor deste término, a solidão, etc. Coisas que merecem muita discussão, pois são muito agudas na separação. No entanto, há coisas que mudam tão substancialmente no cotidiano e que muitas vezes não paramos para pensar. Tais coisas às vezes são responsáveis por tensões desnecessárias e um malabarismo enorme. Por exemplo: até pouco tempo atrás, o pai com sua filha menina se via em apuros nos shoppings por não poder entrar no banheiro de mulheres e não poder levar sua filha para o banheiro de homens. Obviamente isso não é uma questão que remete apenas à separação, mas a uma visão de nossa sociedade sobre a divisão dos cuidados das crianças entre homens e mulheres. As mulheres por exemplo levam com mais facilidade e menos estranheza seus filhos homens aos banheiros femininos. Hoje em dia já temos os banheiros de família, ou de crianças, em que tanto homens como mulheres podem entrar com seus filhos. Mas, em restaurantes e outros espaços públicos a questão continua. Este é apenas um exemplo de pequenas coisas que podem facilitar a vida de muitas pessoas. As escolas também vêm se adaptando a isso. Até algum tempo atrás era comum a queixa de que cadernetas, mensagens, avisos e boletins iam apenas para o genitor residente. Hoje várias escolas já tem por procedimento habitual enviar as mensagens a pai e mãe. Isto ajuda a eles e às crianças a não terem que servir de pombos-correios entre seus pais. Além de tornar clara a expectativa da escola de que conta com os dois pais no cuidado de seus filhos. São questões que nos levam para a organização de nosso dia a dia e de nossos precnceitos sobre o funcionamento familiar. Questões que inclusive podem levar à elaboração de políticas públicas em relação às novas formas de família e criação de filhos. Alguém lembra de outros exemplos em que nosso convívio social cotidiano nas separações poderia ser facilitado? Que problemas práticos as famílias que se separam enfrentam? Aguardamos as idéias de vocês.

domingo, 26 de julho de 2009

ECOS DA FESTA LITERÁRIA INTERNACIONAL DE PARATY

Não fui a FLIP 2009, mas me contaram de uma mesa que fez muito sucesso, cujo tema era Separação, com o escritor Rodrigo Lacerda , autor do livro"Outra Vida" que examina a fundo um relacionamento amoroso em crise, e o ator, dramaturgo e cineasta Domingos de Oliveira , diretor do filme Separação. Vou me ater a extrair alguns trechos da fala de Domingos, que achei
humana, pungente e muito lúcida.
Para Domingos "há pessoas que sofrem com a separação, para outras ela é um alívio..."
As cinco separações que viveu "foram malditas, porém necessárias passagens." Diz não conhecer "nenhum casal decente, que não nutra um sólido desejo de separação."
Domingos se faz três indagações da maior pertinência, para saber sobre o amor que possa durar e quando no fim, não faça doer.
1-" Por que o amor acaba?"
Numa possível resposta, questiona se é por esquecimento de si mesmo ou se não se tem mais nada a fazer ali?
2- "Por que dói tanto quando acaba?"
Poucas coisas para Domingos, são tão tristes como o fim de um amor.
"Dói por não ser mais o que era. Dói por tudo que poderia ser" Talvez o medo da solidão,
"quando convivemos muito com a pessoa amada, perdemos a noção como somos sós no mundo."
3-"O amor é necessário?"
"Como intuiam os antigos gregos, um ser cuja biológica natureza verdadeira é ser parte de uma
unidade maior, chamada casal."
"E o ser humano deve então ser lúcido, muito lúcido para amar e perder, perder e amar, amar e perder… É dura a vida. Nós bebemos, quebramos mãos, visitamos psiquiatras. Nós sofremos, mas temos a arte. Por ela, vivemos. "
O texto integral de Domingos de Oliveira está disponível no blog da Flip 2009.
Por fim, uma homenagem feita neste encontro por Rodrigo Lacerda a Domingos de Oliveira, lendo uma frase do próprio Domingos:
"O homen lúcido sabe que ele é equilibrista nas cordas da existência."


Obrigada Marina, por compatilhar com sua turma.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

É POSSÍVEL?


Notícias divulgadas hoje pelos meios de comunicação, nos informam dados dos estragos que a recessão, nos Estados Unidos, tem provocado na vida do americano comum. Alto índice de desemprego, queda do poder de consumo etc...Mas eu não estou num blog de economia e sim, em um que tem como objetivo refletir sobre o divórcio e suas consequências nas famílias. O que me chamou a atenção, quando tomei conhecimento da notícia sobre a crise americana, foi a divulgação que o número de pedidos de divórcio diminuiu em 40% (QUARENTA POR CENTO). Esse número é muito significativo e dá o que pensar... Na hora do aperto financeiro, quando os imóveis valem pouco, o desemprego aumenta, uma família em crise afetiva, tem que se curvar às evidências e procurar arranjos antes impensados para continuar com suas vidas. Recursos tem que ser buscados dentro da própria família para resistir a crise, que imobiliza outra crise, a de um casal a beira de uma separação.
O que fazer? Que adaptações ou mudanças são possíveis?

domingo, 5 de julho de 2009

Novidades sobre o divórcio



Não sei se vocês andam acompanhando, mas o divórcio anda bastante presente ultimamente na Câmara e no Senado de nosso país. Algumas mudanças importantes vêm acontecendo, tanto para alcançar anseios das pessoas que se divorciam e tornar o divórcio mais fácil, mais rápido e mais barato, como para promover mudanças de comportamento através de leis. Por exemplo, a lei que no ano de 2007 estabeleceu a possibilidade de o divórcio ser feito em um cartório em documento feito pelo próprio ex-casal; ou a recente lei que aprovada na Câmara, tramita no Senado, que extingue a separação judicial e institui o divórcio direto. São provas dos movimentos sociais e legislativos que, cada vez mais incluem o divórcio como um episódio possível na vida de todos. Outro passo importante foi a aprovação da lei que torna a guarda compartilhada a forma preferencial de guarda após o divórcio e que foi fruto de muita batalha por parte de pais, operadores do direito e das áreas da psicologia que defendem a facilidade de acesso aos dois pais como um direito da criança e dos pais.E, por outro lado pretende com a força da lei tornar pais e mães aliados na criaçao dos filhos e não adversários. Com essas leis podemos pensar que a cada dia a sociedade vai incorporando o divórcio de forma mais "comum". Não é possível pensar mais em uma sociedade ocidental que não inclua o divórcio. A preocupação atual é como criar formas, leis, políticas públicas e espaços reflexivos para que possamos incorporar também as mudanças nas relações familiares, nos novos modelos relacionais e de cuidado com as crianças que surgem e que ainda são olhados como estranhos e causam uma série de situações de preconceito e mal estar. Temos muitos desafios à frente, pois ainda somos muito marcados pelos modelos tradicionais de família, escola, moralidade, etc. Mas, isso já são outras histórias, muito grandes para um final de domingo...