segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Então é Natal... diz a música. Época em que a palavra família ecoa nos ouvidos de todos. Época do ano em que porque ele está chegando ao fim, avaliamos nossos feitos e desfeitos. Essa época costuma ser difícil para as pessoas que passaram por separações, especialmente as recentes. O primeiro Natal, com filhos, sem marido, sem filhos, sem mulher, com filhos, sem filhos. Onde? Com quem? Sempre era lá, nunca era cá? Decidir tudo de novo. Se tem uma coisa que as separações promovem é decisões. Tudo o que antes era tradição, implícito torna-se visível, novo de novo.
Mais difícil fica quando tornamos o evento palco de disputas, de ver quem ganha o que, quem ganha mais. Aí, a época que se supõe de congraçamento e amor, vira mais uma confusão na vida dos ex e dos filhos deles. Os acordos de separação, em geral tem cláusulas específicas sobre essa época. Um ano com o pai, outro com a mãe. Dia 24 com um, 25 com outro. Ano novo com um, réveillon com outro. Ok, é importante a igualdade, contanto que as crianças não fiquem divididas ao meio para que os pais se sintam melhores.
Mas, para aqueles que estão sofrendo muito e que vêem nessas datas só uma lembrança do que perderam, quem sabe, fazer algo de totalmente diferente pode ser uma ideia. E, se inventássemos outras tradições? E, se convidássemos as pessoas para outras formas de celebração? E, se convidássemos as crianças a dizer como gostariam que fosse o Natal?
E se não déssemos tanta importância para um dia só no ano e que em duas ou três horas terá passado? E se não ficarmos tão fixados em como deve ser e pudermos explorar formas novas?
É aquela história de fazer uma limonada de um limão... Ou de vários limões, né?
Então, o SerParaAção, deseja a todos muita limonada neste Natal. Renovação, novas conexões conosco mesmos e com outros a sua volta.
Deixo de presente um texto, supostamente de Confúcio, que foi muito compartilhado na internet e acho que tem a ver com essa época e com todas as outras em que temos que lidar com nossas dores.


O SABOR DA DOR

O velho Mestre pediu a um jovem triste que colocasse uma mão cheia de sal em um copo d'água e bebesse. 
- "Qual é o gosto?" perguntou o Mestre. 
- "Ruim" disse o aprendiz.
O Mestre sorriu e pediu ao jovem que pegasse outra mão cheia de sal e levasse a um lago.
Os dois caminharam em silêncio e o jovem jogou o sal no lago, então o velho disse:
- "Beba um pouco dessa água".
Enquanto a água escorria do queixo do jovem, o Mestre perguntou:
- "Qual é o gosto?"
- "Bom!" disse o rapaz
.- Você sente gosto do "sal" perguntou o Mestre?
- "Não" disse o jovem.

O Mestre então sentou ao lado do jovem, pegou sua mão e disse:
- A dor na vida de uma pessoa não muda.
Mas o sabor da dor depende do lugar onde a colocamos.
Então quando você sentir dor, a única coisa que você deve fazer é aumentar o sentido das coisas.
Deixe de ser um copo.
Torne-se um lago...

(Confúcio)



Sejamos mais lagos do que copos em 2014! Ao menos tentamos, né? Rsrsrsr

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

ONDE ESTA PAPAI?


                                                                                 

Recentemente lembrei-me do livro de ilustrações Onde Está Wally? ; foi no momento em que escutei Maria contando, com tristeza e indignação, que seu pai havia desaparecido de sua vida após divorciar-se de sua mãe, mas que ele havia assumido emocional e financeiramente a criação dos dois filhos de sua nova companheira.

O livro é destinado ao público infanto juvenil e vem fazendo sucesso desde seu surgimento no final dos anos 80. Nele, o leitor encontra ilustrações que ocupam duas páginas inteiras, nas quais em algum lugar esta Wally, personagem central da serie que sempre se veste com uma camisa listrada em vermelho e branco. O desafio do livro/jogo é localizar o Wally no meio da multidão de personagens que compõe a cena ilustrada. Um livro que exercita nossa percepção: nossa capacidade de ver/encontrar algo perdido, alguém que está coberto por um véu, mas que esta na cena, podendo ser encontrado a qualquer momento.

O que pode levar um pai a ficar desaparecido para seus filhos biológicos, e com presença tão luminosa na vida dos filhos de outro homem?

Tem-se  identificado alguns motivos para  pais transformarem-se em Wallys em cenários de divórcio: i) crenças em modelo de parentalidade atrelada a uma convivência entre os pais, acarretando numa inabilidade de pais e mães inventarem novas formas de convivência com os filhos após o divórcio; ii) ideias culturalmente difundidas de que só as mulheres / mães sabem cuidar dos filhos e de que os homens são, “por natureza”, menos preparados para cuidar das crianças; iii) uma cultura jurídica que privilegia o litigio, uma lógica onde só pode existir um que ganha e um que perde. Nesta lógica as especificidades das questões de família são desconsideradas, ninguém se dá conta de que a perda da convivência com um dos pais torna crianças e adultos perdedores do sal da vida.

Percebo que situações como a de Maria têm sido cada vez menos frequentes e, que hoje ela pode observar outros modelos de divórcio onde as crianças podem localizar papai Wally por meio da certeza que ele esta lá; bastando seu olhar para encontrá-lo. Esta certeza vem da presença atenta e constante de ambos os pais no cotidiano dos filhos. Para quem gosta de ter noticias sobre estas boas experiências, sugiro a busca no site do canal GNT, o Programa “QUE MARRAVILHA!”, do dia 5/12/2013; neste episódio um pai recém-divorciado procura o cozinheiro Claude para aprender a cozinhar para sua filha de 9 anos de idade.
Quem sabe Maria, inspirada por estas outras histórias, fica animada a buscar e localizar Wally no meio da multidão de personagens que compõem a cena da sua vida?

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013


Um pouco de humor pra falar de um assunto pouco falado nos textos oficiais. Os bens afetivos. Já falamos disso aqui no blog há pouco tempo, mas nunca é demais. Amigos, amigos, divórcios à parte...


Divisão de bens

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Aviamento

2 quilos de paciência
1 litro de perseverança
1 vidro pequeno de juízo mas só traga se tiver o conta-gotas
2 cubinhos de amor-próprio, aliás, traga 3
4 resmas de silêncio-inteligente. Não compre se só tiver silêncio-tédio
1 lata de litro e meio de fé que essa não pode faltar
2 pacotes de bom humor bem fresquinhos
Meia dúzia de vistas-grossas bem maduras
1 pote grande de temperança
1 môlho de justiça e caridade
1 saco médio de prudências, escolha as mais tenras
1 caixa com esperanças verdes
Uma fortaleza daquelas grandes e firmes
Se encontrar humildade, traga toda que couber na bolsa
Não precisa trazer amor, a despensa já está cheia
Esqueça o fiado, pague à vista. Aliás, acerte logo toda conta