Recentemente lembrei-me do livro
de ilustrações Onde Está Wally? ; foi
no momento em que escutei Maria contando, com tristeza e indignação, que seu
pai havia desaparecido de sua vida após divorciar-se de sua mãe, mas que ele
havia assumido emocional e financeiramente a criação dos dois filhos de sua
nova companheira.
O livro é destinado ao público
infanto juvenil e vem fazendo sucesso desde seu surgimento no final dos anos
80. Nele, o leitor encontra ilustrações que ocupam duas páginas inteiras, nas
quais em algum lugar esta Wally, personagem central da serie que sempre se
veste com uma camisa listrada em vermelho e branco. O desafio do livro/jogo é
localizar o Wally no meio da multidão de personagens que compõe a cena ilustrada.
Um livro que exercita nossa percepção: nossa capacidade de ver/encontrar algo
perdido, alguém que está coberto por um véu, mas que esta na cena, podendo ser
encontrado a qualquer momento.
O que pode levar um pai a ficar
desaparecido para seus filhos biológicos, e com presença tão luminosa na vida
dos filhos de outro homem?
Tem-se identificado alguns motivos para pais transformarem-se em Wallys em cenários de divórcio: i) crenças em modelo de
parentalidade atrelada a uma convivência entre os pais, acarretando numa
inabilidade de pais e mães inventarem novas formas de convivência com os filhos
após o divórcio; ii) ideias culturalmente difundidas de que só as mulheres /
mães sabem cuidar dos filhos e de que os homens são, “por natureza”, menos
preparados para cuidar das crianças; iii) uma cultura jurídica que privilegia o
litigio, uma lógica onde só pode existir um que ganha e um que perde. Nesta
lógica as especificidades das questões de família são desconsideradas, ninguém
se dá conta de que a perda da convivência com um dos pais torna crianças e
adultos perdedores do sal da vida.
Percebo que situações como a de Maria
têm sido cada vez menos frequentes e, que hoje ela pode observar outros modelos
de divórcio onde as crianças podem localizar papai Wally por meio da certeza que ele esta lá; bastando seu olhar para encontrá-lo.
Esta certeza vem da presença atenta e constante de ambos os pais no cotidiano
dos filhos. Para quem gosta de ter noticias sobre estas boas experiências,
sugiro a busca no site do canal GNT, o Programa “QUE MARRAVILHA!”, do dia
5/12/2013; neste episódio um pai recém-divorciado procura o cozinheiro Claude
para aprender a cozinhar para sua filha de 9 anos de idade.
Quem sabe Maria, inspirada por
estas outras histórias, fica animada a buscar e localizar Wally no meio da multidão de personagens que compõem a cena da sua vida?
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