terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Uma querida amiga, a Cintia, me enviou esse texto, dizendo que achava que tinha a ver com o blog. Quem sabe, dizia ela, eu gostaria de publicar. Várias coisas me passaram pela cabeça de uma vez. Aí vão elas, não necessariamente em ordem de nascença:
1) Que máximo! Alguém oferece um texto para publicar no blog!
2) Ué... Mas a minha amiga Cintia é casada há milênios, porque cargas d'água resolveu escrever um texto sobre separação?
3)Nem sabia que ela gostava de escrever... E se eu não gostar? Como vou fazer?

Com essas questões na cabeça, um tempo depois, me pus a ler o texto. Ele, realmente, é sobre casamento. Não, não é sobre casamento. Ele é escrito por e sobre alguém que é casada. Que não se separou e não tem a experiência de um divórcio na vida. Mas, realmente ele tem tudo a ver com o blog. Como assim? Em primeiro lugar, é um texto delicado, sincero e singelo. Em segundo lugar, ele parece totalmente encaixado no post anterior que escrevi sobre o ano novo.
Então, agora chega de comentários meus e deixo vocês com o texto de Cintia Lopes Rangel e fico com a curiosidade sobre o que ele evoca em vocês.

Arrumar armário é como se “arrumar” por dentro.

Outro dia, conversando com uma amiga, ela contava que estava separando do terceiro marido e uma das coisas que falei para ela, foi que quando não cabemos mais em alguma roupa temos que tomar alguma atitude e dentre elas podemos: Guardar de recordação, para revê-la de vez enquanto; dar para alguém para não ver mais; dar para alguém que caiba e que seja próximo, para vermos quando for usada; jogar no lixo, pois às vezes já está tão gasta e surrada que só serve mesmo para pano de chão; dar uma reformada para mudar alguma coisa, isso se realmente você gostar dela; ou até ficar usando mesmo pequena.
Sabe macacãozinho de bebê, aquele que cobre o pezinho tamanho recém-nascido, que fica pequeno e as perninhas chegam a ficar encolhidas? Então! Você, pode até continuar usando, mas deve ser muito desconfortável.
Assim, também são os nossos relacionamentos. Quando digo relacionamento, não me refiro somente entre pessoas, penso também em coisas.
Como está seu armário? Bem, como só posso falar do que conheço, vamos ao meu. É um armário alto até o teto, de porta de correr, uma das portas é espelho e a outra é branca. Dentro dele tem de tudo: camisas, calças, saias, biquines, meias, cintos, bermudas, vestidos, joias, calcinhas, casacos, lenços e mais um monte de coisas que você nem imagina.
Hoje particularmente resolvi me desapegar de algumas coisas. Costumo dizer que arrumar armário é como se “arrumar por dentro”.
Tirando as roupas que não me cabiam mais, fiz varias pilhas, aquela que darei para alguém, aquelas para reforma e aquelas que estão pequenas, mas que ainda não quero dar. No meio da bagunça encontrei penduradinho, esquecido lá no canto esquerdo, o meu vestido de casamento. Fui eu que fiz, ele é simples, cinza clarinho, tomara que caia, curto e cheio de pedrinhas tipo cristal coladas. Perto do busto tem mais pedrinhas e à medida que vai descendo diminuem a quantidade.
Pequei nas mãos e fiquei olhando... é, não cabe mais em mim! Os anos passaram e ele ficou pequeno. Pensei em fazer uma reforma, mudar alguma coisa ou até fazer uma saia. Enquanto pensava no que fazer, minha imaginação foi para o meu casamento e fique ali sentada de frente para o armário refletindo nas mudanças. Nos encontros, desencontros e reencontros que tive com o meu marido. Quantas vezes separei e voltei com ele, mentalmente, mesmo sem nunca termos nos separarmos de fato.
Perdi as contas de quantas vezes tive vontade de pegar a roupa que ficou pequena e jogar no lixo. Digo para você que hoje, depois dos filhos já crescidos, e de uma vida de muitas mudanças, em todos os sentidos, só de domicilio foram 10 vezes, esse vestido precisou ser reformado muitas e muitas vezes. Precisei me desapegar do modelo inicial para que ele viesse a caber em mim.
Acho que hoje ele já não é mais cinza e nem tomara que caia. Muitas das pedrinhas brilhantes se descolaram. Se você foi ao meu casamento, é muito provável que não reconheça mais nada daquele vestido, se vir fotos ou ouvir histórias pode ser que sim, porém é preciso um olhar bem aguçado, caridoso e muito sensível para reconhecê-lo. Digo para vocês que valeu a pena as reformas que fiz. Hoje ele está mais leve, mais fluido e mais gostoso de usar...

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